domingo, 28 de agosto de 2011

Farinha de História.

Sei que não é de toda valia declarar-se escritor sem ter nada a publicar, mas por outro lado não penso que há valor em revelar algo que pode ser roubado.

Como tal, seja para provar que tenho qualificações como escritor, seja para conhecer a opinião do público assistente, ponho a público um trecho de historieta para que leiam. Não planejo lucrar com este trecho ou mesmo com uma história inteira à esta base, então não há mal em publicá-la aqui.

A única coisa que peço é que aqueles que podem digam-me os pontos bons e ruins de minha forma de escrever.

%)


Nove séculos atrás, a Árvore de Mana queimou até as cinzas. O poder de Mana sobreviveu dentro de pedras de Mana, instrumentos encantados, e artefatos. Sábios lutaram uns contra os outros pelo controle destes últimos restos de Mana.

Então, depois de centenas de anos de guerra, conforme o poder de Mana começou a desaparecer, aqueles que a buscavam escassearam-se, e o mundo retornou à paz.

Depois disto, a humanidade teve medo de desejar. Seus corações se preencheram com emoções vazias, e se distanciaram de minhas mãos. Eles viraram seus olhos para longe de meu poder infinito, e sofreram com suas fúteis disputas.

Lembrai-vos de mim! Precisai de mim! Posso prover-vos com tudo! Sou o amor. Encontrai-me, e andai junto comigo.

CAIXA DE CORREIO
“Algumas cartas por mês podem representar muito para uma casa distante e solitária.”

Era cedo. Não havia muito que o sol havia surgido no horizonte, trazendo a luz do dia à pequena colina. Situada em um campo vazio, com apenas uma trilha levando a lugar nenhum, sua única característica peculiar era a grande árvore frondosa que cobria tanto a colina em si, como uma pequena casa logo abaixo de seus galhos, construída junto à árvore.
A casa em si não tinha muitas características que a tornasse incomum, tendo sido construída com madeira e tendo um teto de palha, com várias janelas e uma porta amigável, tendo um toldo de hera sobre si. Logo adiante estava uma caixa de correio elegante, tendo um par de asas decorativas, uma pintura que a deixava similar a uma casa, e uma sineta presa que tilintava sempre que alguma carta fosse posta.
A sineta tilintou, brevemente, quando uma mão pousou sobre o topo desta.
— Dezoito anos, já faz... — o dono desta mão comentou, enquanto olhava para a caixa de correio. — Acho que já tá na hora de me encontrar com eles. Já devem tá maduros o bastante.
Com mais alguns passos, ele dirigiu-se até a porta, aguardando por sua abertura. Não demorou muito; em alguns momentos, ele podia ouvir o som de passos, vindo de dentro da casa, conforme seus habitantes moviam-se em velocidade. Os sons aumentaram conforme eles iam se aproximando, até que enfim a porta se abriu rapidamente.
— Ah... tio! — disse o rapaz que estava à porta, um jovem de cabelos loiros e olhos verdes, vestido de forma muito peculiar; seu capuz vermelho possuía um broche verde com um par de asas, suas luvas que subiam até os ombros eram feitas do mesmo material, e o pouco de armadura que trajava – um peitoral de couro, que só cobria o tórax em si, e proteções laterais também feitas de couro, para seus quadris e pernas – não pareciam dar muita proteção. A única coisa a mais que trajava era um par de calças especiais, do mesmo estilo que uma túnica, e um par de botas grandes, mas ainda assim um tanto inúteis no quesito proteção. — Já faz tanto tempo!
— Faz mesmo, né? — o estrangeiro disse, com um sorriso maroto. Apesar de parecer mais novo em aparência, dada sua estatura menor, ele tinha um ar de experiente, auxiliado pelos cabelos e olhos de cor cinza. Suas próprias roupas eram estranhas; um cachecol azul e outro branco, luvas marrons, um colete sobre uma camisa leve e um par de shorts, e botas presas com fivelas brancas em vez de cordões. — Como que cê tá, Totó? Treinando duro? — ele adicionou, enquanto esfregava o cabelo do rapaz.
— Pôxa! Eu não sou um bichinho de estimação, tio! — ‘Totó’ retrucou, franzindo as sobrancelhas. — E tem mais-
— TIO! — gritou outra voz, vinda lá de dentro.Esta pertencia mais claramente a uma garota, que correu até o Tio e o abraçou com força. — Eu tava com tanta saudade, tio...
— É... dá pra ver que sim, Imu! — ele respondeu, demorando um pouco para sair do aperto que ela estava causando. A garota tinha longos cabelos loiros, partidos em quatro partes, e olhos tão verdes quanto os de ‘Totó’, se com um tom mais forte. Ela trajava um vestido curto e roxo, sem mangas, com um peitoral de faixas vermelho, proteções vermelhas para os antebraços, e botas verdes e felpudas. Três caniços cresciam de cada lado da cabeça, e mais caniços prendiam seus cabelos nas pontas de trás e da frente. — Você ficou forte, pelo visto!
— Não tanto quanto a mim, porém! — o rapaz declarou, de imediato, antes de exibir sua espada, segurando-a com uma mão. — Já consigo segurar não só esta espada, como também um escudo de verdade! Posso enfrentar qualquer inimigo!
— Também não exagera, Toto! — Imu retrucou, pondo as mãos na cintura. — Você sabe que eu pratiquei muito, pra provar pro tio que eu posso lutar! E eu posso lutar tão bem quanto você!
— Haaaaaah... então é assim? — o Tio perguntou, cruzando os braços. — Quero ver se vocês dois melhoraram, então. Vocês já tomaram café?
— Sim! — ambos responderam, de imediato. Aumentando o sorriso, o garoto de cabelos cinzentos tomou alguns passos de distância, antes de entrar em sua própria pose de combate – pernas separadas, corpo posicionado lateralmente, uma mão à frente num estado defensivo e a outra mais atrás, para poder atacar. Um par de adagas decoradas, com uma lâmina brilhante e escura, formou-se em suas mãos como a espada de Toto havia se formado nas mãos de seu dono.
— Então vem cá, Totó! Quero ver se você consegue me tirar do sério! — ele desafiou o rapaz, que sorriu com fervor.
— Com toda a certeza! — foi a declaração em resposta, Toto tomando sua própria posição, uma mão adiante para servir de contrapeso para o braço da espada.
Após um momento, o Tio sorriu com mais afinco, ao ver o rapaz louro correndo em sua direção, soltando um grito de guerra. As lâminas se encontraram num golpe, as duas adagas trabalhando juntas para deter a arma.
— Você está um pouco melhor, Totó... — ele comentou, sem desdém. — Da última vez que treinamos, você não conseguia manter a sua espada em suas mãos, depois de sete golpes... este foi o meu primeiro!
— Vou te provar que eu consigo... —  foi a resposta, retrucada. — ...que eu consigo te derrotar, tio!
No próximo golpe, Toto pôs mais força no ataque, bloqueado uma vez mais pelas adagas; no entanto, desta vez elas não conseguiram detê-lo tão completamente.
— Isso! — o rapaz celebrou, sorrindo mais. No entanto, o Tio não perdeu seu sorriso.
— Este... foi o segundo. — ele respondeu, antes de retirar as adagas do caminho; no entanto, seu próximo movimento foi detê-la com uma das facas, a segunda seguindo em direção à mão de Toto. O rapaz teve de deter seu golpe para escapar da armadilha, forçado em uma posição defensiva. — E o terceiro já passou. Faltam quatro.
— Ora, seu... — Toto rosnou, usando a espada para bloquear uma seqüência de ataques com ambas as adagas, vendo bem seus movimentos. — Essa sua contagem pode ir pro-
— Quarto golpe. — Com a interrupção, o Tio usou um chute para ganhar distância, girando uma de suas armas com o dedo. — E com este... será o quinto!
Toto reteve um gemido, tendo sido chutado no joelho, usando outro golpe forte para se defender do próximo golpe; quando a adaga se encontrou com a espada, ele se pressionou contra o oponente, não só bloqueando mas também conseguindo atacar. — Nem vem... que não tem!
— Meu sexto golpe. — Em um movimento, o garoto se jogou para trás, caindo ao chão e evitando a lâmina. Seu próximo chute foi direcionado ao braço de Toto, impedindo-o de continuar; as forças estavam iguais, naquele movimento. Ambos tiveram de recuar, uma vez mais, mas Toto não havia perdido seu controle desta vez. Ele apenas verificou seu braço, em um momento, sentindo um pouco de dor. — Você agüenta mais um?
— Manda ver... — o rapaz retrucou, com a respiração um pouco cortada, enquanto via seu oponente erguer-se novamente. — Eu vou conseguir te atingir! Te garanto isso!
O Tio sorriu marotamente. — Você que pediu!
Ambos correram até o outro, atacando-se com vigor; vários ataques eram lançados de uma vez, com aparas similares por parte das lâminas. Toto conseguia bloquear a maior parte deles... mas sua energia estava começando a se exaurir; ele havia posto força demais naqueles primeiros golpes, acostumado como estava em usar golpes devastadores nos primeiros momentos. Um inimigo que não conseguisse resistir ao primeiro golpe se tornaria indefeso, afinal, como os espantalhos nos quais praticara.
Os golpes se detiveram, e Toto respirou fundo, devagar; não conseguira a vantagem, neste caso.
— Já foram sete... ou seja! — o Tio contou, antes de cruzar os braços. Energia concentrava-se dentro de si, notável aos dois, devido ao seu treinamento. — Será o seu fim!
— Nem pensar! — o rapaz gritou, tomando impulso por um segundo, antes de saltar no ar. Enquanto estava lá, ele tentou executar um giro como o que vira a muito tempo, usado por seu inimigo atual – uma técnica praticada por anos a fio. Ele segurava a espada com ambas as mãos agora, para dar mais suporte no golpe.
A espada conseguiu se encontrar com as lâminas gêmeas por um momento, faíscas saindo do encontro. No entanto, o golpe do garoto foi mais forte, forçando a espada para longe e arrastando consigo Toto. Ambos foram em direção à casa, Toto sendo arremessado contra a parede enquanto o Tio parava próximo a ele.
— ...parabéns.
Com aquelas palavras, o Tio ergueu-se de pé, soltando as adagas. As armas desapareceram na luz, momentos depois. Ele estava sorrindo.
— Oito golpes, e segurou... nada mal. — O garoto falava calmamente, embora fosse possível ver uma incrível vontade em seus olhos. — Você conseguiria lutar mais um pouco?
Apesar de estar preso à parede, Toto acenou com a cabeça. — Com toda a certeza... — ele gemeu, bravamente. — Eu... eu ainda posso lutar!
—Bom saber. — O Tio cruzou os braços, neste momento. — Mas por enquanto já chega... podemos brincar mais depois. Agora... é a vez da Imu tentar a sorte.
Ao olhar em direção à moça, eles podiam ver que ela já havia trazido sua própria arma à tona, uma alabarda com uma lâmina em formato de meia lua à tona, segurando-a com tanta segurança que era claro o quanto ela havia treinado com a arma.
— Estou pronta, tio! — ela declarou, bravamente. — Pode vir!
— Uma lança de distância... distante será! — o garoto disse, erguendo uma das mãos, formando sua própria arma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário