sábado, 1 de outubro de 2011

Farinha Escrita Contra o Mundo.

Inicia-se um mês de celebrações, hoje; por isso estou escrevendo, finalmente.
Para começar, assisti a Scott Pilgrim Contra o Mundo, na virada da madrugada.


Filme dos mais legais, esse. Já tenho os dois primeiros livros, mas sabia que havia uma diferença entre a história destes e do filme, ao menos na última parte; o autor, Brian O'Lee Marley, não havia ainda escrito os últimos livros, então eles só sabiam os nomes dos Sete Ex-Namorados do Mal.

Algo que torna esta série muito mais interessante para mim, acho, é o caráter fantástico do mundo em que os personagens vivem. A explicação do filme é que isto é como o Scott vê as coisas, transformando coisas possivelmente mundanas, como ir ao banheiro, em situações idênticas às de um videogame, tais como as barras de energia para cada atributo. É sensato, mas também meio tosco se levar em consideração que, por mais irreais que as coisas sejam, o Scott ainda está lutando contra os sete ex-namorados malvados da Ramona a ponto de 'matar ou morrer', e ninguém ignora este fato. Por mais que haja a questão do narrador mentiroso - ou, melhor dizendo, do 'narrador desconfiável'/'unreliable narrator', que surge quando a narração não diz tudo e que os atos dizem mais do que as palavras - é preciso haver um quê de verdade na história para que esta possa ser retratada em toda a sua inverdade.

Ou, melhor dizendo, para que o narrador minta, é preciso que o narrador diga a verdade. Mas se vemos tudo do ponto de vista do narrador, então como podemos saber que o narrador está mentindo?

O filme não fala disso, o que é uma pena. Mas de outra forma, não dá também para dizer que este filme perde a graça por causa desta narração incerta. Mesmo não sabendo o quanto do que o Scott percebe é 'real', o filme pode ser aproveitado em sua honestidade; imaginar que tudo o que se passa é, de fato, real gera um entretenimento legítimo. E afinal, como ficar chateado com um duelo entre um par de dragões e um King Kong mutante gerados por uma batalha de rock n'roll e cíumes ao som da música do Beck?

Falando menos criticamente, gostei geral das atuações. Michael Cera é Scott Pilgrim, talvez mais pateta que o necessário, mas por outro lado sua patetice leva a cenas que mostram justamente o porquê de Scott Pilgrim ser um pateta - e também, admito, um canalha. Mary Elizabeth Winstead, Ellen Wong, e Alison Pill têm boa atuação tanto nas sutilezas (Kim Pine ficar feliz com Scott enfim admitir que ele é alguém horrível e pedir desculpas a ela) quanto nos excessos (a transformação de Knives Chau de uma cena a outra, Ramona Flowers semi-nua ou dando um show pro Quentin Tarantino), e os Sete Ex-Namorados do Mal são perfeitos na ameaça, senão na adaptação - Lucas Lee (Chris Evans) é mais malvado e Roxanne Richter (Mae Whitman) não explode em bichinhos de pelúcia - mas isso é o de menos. Apesar de terem umas cenas legais, infelizmente Stephen Stills (Mark Webber) ficou meio apagado demais e a única coisa legal mesmo do Wallace Wells (Kieran Culkin) foi ser dublado pelo Rodrigo Andreatto.

Efeitos visuais incríveis, piadas de fundo hilárias, e cenas de ação ótimas fazem este filme valer a pena, mesmo para aqueles que só prefeririam os quadrinhos.

Agora é esperar a chance de jogar o jogo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário